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Sobre o sacrifício
descrição
Análise minuciosa sobre o fenômeno do sacrifício, tomando os exemplos dos rituais védicos e judaicos. Os autores – que constam entre os fundadores das ciências sociais – descrevem os mecanismos dos rituais e a recorrência de alguns de seus elementos para então formular a unidade do conceito de sacrifício, que mais tarde pode ser adotado para observar fenômenos análogos em outras culturas. Especialistas em História das Religiões, eles defenderam uma visão polêmica para a época em que o livro foi publicado: independentemente de crenças pessoais, a religião é um fato social.
Na obra, Mauss e Hubert também analisam a própria base da moral, ao passar por conceitos como contrato, remissão, pena, dádiva, abnegação e alma. Mais além, os autores propõem uma metodologia inovadora, que seria pautada por fatos típicos obtidos através de documentos diretos. Assim, rompem com seus contemporâneos e se baseiam em textos sânscritos e na Bíblia, escritos pelos próprios atores que praticam os ritos.
Desmontar e descrever o mecanismo do sacrifício, com base no exemplo do ritual animal védico, foi a maneira escolhida para desvendar os seus traços de sua unidade. Definir a essência do sacrifício permite realizar uma nova leitura de uma ampla gama de rituais oriundos das culturas hindus, hebraicas e gregas, a despeito de sua diversidade. Em oposição aos evolucionistas, que partiam da hipótese de que teria havido uma forma de sacrifício mais simples e primitiva da qual todas as outras derivaram por difusão, os autores buscam em documentos primários os princípios que sustentam seu objeto de estudo.
O que falam desta obra
“Tratando como material etnográfico essas descrições completas do sacrifício feitas da perspectiva de seus participantes, Mauss e Hubert podem, ao compará-las, perceber recorrências e variações para construir o sistema do sacrifício, ao qual então podem acrescentar-se elementos análogos de outras culturas, uma vez constituída a totalidade na qual encontram seu lugar.”
Maria Lúcia Montes
“Sobre o sacrifício é uma obra precoce. (...) Qualquer que sejam os julgamentos que a antropologia moderna faz dos axiomas durkheimianos, é preciso reconhecer que, para a época, afirmar que os fenômenos religiosos são fenômenos sociais, não era um lugar comum."
Jean-Paul Colleyn