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Por que ler Fanon? Por que ler Fanon no Brasil? Por onde começar a ler Fanon? Afinal, ele é anticolonial, decolonial, pós-colonial ou marxista? Quais foram suas contribuições para se pensar as relações entre sociedade e psique?


Essas perguntas são algumas das linhas de força que organizam Frantz Fanon e as encruzilhadas: teoria, política e subjetividade, de Deivison Faustino, um dos maiores estudiosos do racismo, do movimento de negritude e da produção intelectual negra no Brasil contemporâneo, e o maior especialista na obra de Fanon no Brasil.


Neste livro, Faustino oferece uma reflexão ao mesmo tempo rigorosa e fecunda sobre a obra do psiquiatra e revolucionário martinicano, responsável por um trabalho pioneiro sobre a experiência negra na América Latina e no Caribe afrodiaspóricos, e sobretudo sobre a dimensão psicológica do racismo.


Em linguagem límpida e envolvente, o livro começa apresentando a obra de Fanon, seus conceitos centrais, suas principais influências teóricas, integrando seu pensamento à sua biografia. Em seguida, traça uma genealogia da recepção de sua obra no mundo e no Brasil, mostrando como sua obra foi ignorada, lida ou apropriada por diferentes leitores, de figuras centrais da crítica europeia como Jean-Paul Sartre, Homi K. Bhabha e Slavoj Zizek aos pensadores africanos e afrodiaspóricos da negritude, bem como por intelectuais brasileiros como Paulo Freire, Lélia Gonzalez, Glauber Rocha, Florestan Fernandes, Neusa Santos Souza e Clóvis Moura.


Ao destrinchar os conceitos da obra fanoniana, tomando o cuidado de situá-los histórica, teórica e biograficamente, Faustino demonstra como sua articulação resultou na criação de uma constelação própria, gestada na encruzilhada de uma série de correntes intelectuais ocidentais com a situação específica des negres no Sul Global – constelação essa que continua reverberando, e com força.


Frantz Fanon e as encruzilhadas é para todos os leitores que buscam uma introdução e um aprofundamento na obra de Fanon, conhecendo suas bases e as repercussões da obra no mundo. No final do livro o autor oferece um guia de onde encontrar diferentes temas na obra fanoniana.

Frantz Fanon completaria cem anos. Sua obra, no entanto, segue em pleno movimento – provocando, ensinando, incomodando. Neste livro, vozes fundamentais da teoria e da militância contemporâneas se reúnem para pensar Fanon a partir do presente – não como celebração nostálgica, mas como insistência crítica. O que há de vivo, de inacabado em Fanon?

Com prefácio de Priscilla Santos, com ensaio inédito de Deivison Faustino e Nilson Lucas Dias Gabriel, e texto de orelha de Geni Núñez, o volume traz duas homenagens que delineiam sua grandeza: o tributo de Aimé Césaire, que vê em Fanon um humanista em estado de urgência, e de Achille Mbembe, que resgata sua centralidade no nascimento de um pensamento africano da descolonização. Stuart Hall e Homi K. Bhabha retomam Pele negra, máscaras brancas como texto inaugural de uma crítica da subjetividade colonial e do desejo racializado – texto que, longe de perder força, ressurge como sintoma e chave interpretativa do presente.

Sylvia Wynter relê Fanon como pensador da experiência consciente, contrapondo seu conceito de sociogênese à tradição biológica ocidental. Françoise Vergès, bell hooks e Lola Young tensionam o lugar do gênero e das mulheres negras na teoria fanoniana, destacando tanto seus impasses como sua potência crítica. A coletânea traz ainda contribuições de nomes como Guillaume Sibertin-Blanc, que, ao analisar Os condenados da terra, argumenta que a guerra de libertação nacional torna a questão clínica inseparável da análise política na obra de Fanon. Por fim, o volume inclui um artigo recente de Samah Jabr e Elizabeth Berger, que examinam, em diálogo com a psiquiatria de Fanon, os efeitos psíquicos da ocupação colonial na Palestina, propondo uma prática de resistência fundada no cuidado.

Cem anos depois de seu nascimento, este livro não busca canonizar Fanon, mas debatê-lo. Busca restitui-lo a sua condição: a de um pensador clínico e radical, cuja escrita convida a releituras contínuas, abrigando uma ética da ação e uma escuta atenta às experiências de quem teve a humanidade negada. Os ensaios aqui reunidos reconhecem nele não apenas um autor marcante, mas um companheiro de pensamento e de inquietação. Porque ainda precisamos dele para entender as feridas abertas de um mundo colonial e para imaginar, apesar de tudo, novos modos de existir.

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